Tesouro Direto: piso de prefixados cai para 12,13% ao ano após projeções menores para IPCA em 2022 e 2023

Tesouro Direto: piso de prefixados cai para 12,13% ao ano após projeções menores para IPCA em 2022 e 2023

agosto 22, 2022 Off Por Today Newsroom

A segunda-feira (22) inicia com revisões para baixo nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano e no próximo. Segundo o Relatório Focus apresentado hoje pelo Banco Central, as estimativas para a inflação oficial em 2022 agora estão em 6,82%, abaixo dos 7,02% vistos na semana passada.

Para o ano que vem, agora o ponto médio das expectativas dos economistas aponta que o IPCA deve encerrar em 5,33%, contra 5,38% na semana passada. Esse é o primeiro recuo em 19 semanas. Investidores aguardam ainda os números da prévia da inflação (IPCA-15), que será apresentado na quarta-feira (24), para recalibrar as expectativas.

Foco também na Ásia. De olho na desaceleração econômica, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou hoje o corte da taxa básica de empréstimos de um e de cinco anos.

Investidores também acompanham mais um dia de estresse nos mercados acionários. Agora, a maior parte dos agentes financeiros voltou a acreditar que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) terá que elevar os juros em 75 pontos-base na reunião de setembro, segundo o CME Group.

Na última sexta-feira (19), mais da metade dos traders acreditavam que o ajuste teria que ser de 0,50 ponto percentual, conforme mostra o painel do CME Group. Com isso, depois de amanhecer o dia em queda, os rendimentos dos títulos americanos (treasuries) avançavam nesta segunda-feira (22).

Já no Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos opera de forma mista nesta manhã. Papéis prefixados registram recuo nas taxas, enquanto títulos atrelados à inflação apresentam estabilidade, em sua maioria.

O maior recuo é registrado pelo Tesouro Prefixado 2025, que viu o retorno cair de 12,24% ao ano, na sessão de sexta-feira (19), para 12,13% ao ano, às 9h20 de hoje.

No mesmo horário, apenas um papel atrelado à inflação (Tesouro IPCA+ 2026) registrava queda na remuneração real, de 5,67% ao ano para 5,60% ao ano.

Já a maior taxa era oferecida pelo Tesouro IPCA+2055, com pagamento de juros semestrais, no valor de 5,89% ao ano, em linha com os 5,90% vistos na sexta-feira (19).

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (22): 

Fonte: Tesouro Direto

China, commodities e Jackson Hole

Investidores acompanham mais um dia de leve recuo nos preços de algumas commodities. Por volta das 10h (horário de Brasília), os contratos futuros de petróleo do tipo Brent caíam 0,86%, aos US$ 95,91 e os WTI registravam queda de 0,39%, aos US$ 90,42.

Atenção também ao recuo da taxa básica de empréstimos de um ano na China, que caiu de 3,7% para 3,65%. Já a taxa de cinco passou de 4,45% para 4,3%.

Pequim tinha baixado pela última vez sua taxa de um ano em janeiro e cortado a taxa de cinco anos, que é usada para precificar empréstimos de longo prazo, como hipotecas, em maio.

As reduções eram amplamente esperadas depois que o PBoC surpreendeu na semana passada o mercado ao reduzir as taxas de empréstimo de sua linha de crédito de médio prazo em 10 pontos-base.

Além do gigante asiático, investidores estão atentos ao simpósio econômico anual do Fed em Jackson Hole, que começa na quinta-feira (25) nos Estados Unidos.

Jerome Powell, presidente do Fed, fará uma apresentação na sexta-feira (26), segundo dia de evento. O discurso da autoridade tem potencial para mudar o humor do mercado, junto com os dados do índice de preços ao consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), que serão divulgados no mesmo dia.

Focus

Na agenda doméstica local, o mercado repercute os últimos números da pesquisa Focus, do BC. Segundo o relatório, as estimativas para o IPCA em 2024 e 2025 se mantiveram em 3,41% e 3,00%, respectivamente.

Já a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu marginalmente para 2022 (de 2,00% para 2,02%) e recuou levemente para 2023 (de 0,41% para 0,39%), segundo pesquisa do BC. Para 2024 e 2025, as projeções continuaram em 1,80% e 2,00%, nessa ordem.

O mercado também manteve as estimativas para a Selic dos próximos anos (13,75% no fim de 2022, 11% no de 2023, 8,00% no de 2024 e 7,50% no de 2025, em linha com as projeções do BC).

Para o câmbio, as estimativas seguiram as mesmas para dezembro de 2022, 2023, 2024 e 2025 em US$ 1 = R$ 5,20, R$ 5,20, R$ 5,10 e R$ 5,17, respectivamente.

Perdas com ICMS

Já na cena política, investidores acompanham a notícia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu, na última sexta-feira (19), medida cautelar que determina que a União compense as perdas de ICMS dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Acre já a partir deste mês. No fim do mês passado, o STF já havia dado liminares semelhantes a São Paulo, Alagoas, Maranhão e Piauí.

As decisões recentes do STF obrigando a União a compensar mensalmente as perdas de Estados com a redução das alíquotas do ICMS já têm um impacto estimado em mais de R$ 10 bilhões no segundo semestre deste ano, de acordo com fontes da equipe econômica. O custo para o Tesouro Nacional pode ultrapassar a casa dos R$ 20 bilhões, se todos os governos estaduais conseguirem cautelares semelhantes.

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