Ibovespa Futuro fica próximo da estabilidade antes de dados nos EUA e Copom; dólar supera R$ 5,60

Ibovespa Futuro fica próximo da estabilidade antes de dados nos EUA e Copom; dólar supera R$ 5,60

maio 6, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro opera entre perdas e ganhos nesta quarta-feira (6) descolando do dia de ganhos no exterior, com os investidores de olho na bateria de indicadores no Brasil e nos EUA e também à espera da reabertura gradual das maiores economias em meio a um longo período de isolamento social por conta da pandemia do coronavírus.

Por aqui, as atenções se voltam à decisão de política monetária do Copom, que divulga após o fechamento a nova taxa de juros do país, enquanto EUA têm dados do mercado de trabalho com o ADP

Às 09h05, o índice futuro registrava leve queda de 0,24%, aos 80.065 pontos, enquanto o dólar futuro para junho tinha ganhos de 0,57%, aos R$ 5,620.

Na Ásia, o banco central chinês (PboC) anunciou o enfraquecimento da taxa de paridade do yuan em relação ao dólar, para 7,0690 yuans por dólar, 0,17% mais fraca que a taxa de 7,0571 yuans por dólar de quinta-feira. Esse seria um gesto de boa vontade do gigante asiático em meio ao cenário de crescente tensão entre americanos e chineses. Como nos últimos dois dias, a Bolsa japonesa permaneceu fechada devido a feriados locais.

Na Europa, por sua vez, após abrirem em queda de forma generalizada, os índices amenizaram as baixas e operam praticamente estáveis. Os investidores seguem atentos às medidas de flexibilização do lockdown e repercutem os dados econômicos do continente. Na Alemanha, as encomendas à indústria sofreram tombo histórico de 15,6% em março ante fevereiro.

Os índices futuros americanos, por sua vez, têm alta moderada após o presidente Donald Trump insistir na reabertura do país para os negócios, mesmo reconhecendo que a mudança causaria mais doenças e mortes pela pandemia. Trump considera ser um custo que está disposto a correr para colocar a economia de volta aos trilhos.

Vale destacar que, na véspera, ao final da sessão, o S&P 500 viu um ganho de quase 2% ser reduzido à metade após o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, alertar que a economia precisará de mais apoio do governo.

Já entre as commodities, após registrarem queda reagindo a dados de estoque do petróleo, os contratos futuros do WTI e do brent viraram para ganhos. Segundo pesquisa do American Petroleum Institute (API), houve um forte avanço no volume de petróleo bruto estocado nos EUA na última semana, de 8,4 milhões de barris.

A previsão de analistas para os dados desta quarta que saem no final da manhã e que o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano divulga é de aumento de 7,4 milhões de barris nos estoques de petróleo bruto do país, uma vez que a pandemia do coronavírus tem prejudicado a demanda pelo petróleo, levando a uma expansão dos estoques da commodity.

Copom e agenda econômica

Os investidores estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, segundo estimativa da maior parte dos economistas (segundo compilação Bloomberg), deve cortar a Selic em 0,50 pp para o novo piso histórico de 3,25% e sinalizar reduções adicionais para evitar um impacto ainda mais profundo do coronavírus na economia. A decisão será divulgada após o fechamento dos mercados.

Contudo, vale destacar que na véspera a curva do DI fechou ontem precificando um corte mais profundo, de 0,65 pp, indicando chances maiores de redução de 0,75 pp, após produção industrial e IPC-Fipe abaixo do previsto divulgados na terça-feira.

Na véspera, a Fitch alterou a perspectiva do Brasil a negativa, mantendo o rating BB-. Segundo a agência, a mudança de perspectiva reflete a deterioração das perspectivas econômicas e fiscais e os riscos negativos de ambas diante das renovadas incertezas políticas, incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso, e incertezas quanto à duração e intensidade da pandemia de coronavírus. A projeção é de que a economia brasileira deva contrair 4% em 2020, com riscos tendendo para o lado negativo.

Na agenda internacional, às 22h45, a China divulga PMI serviços, que pode voltar a ficar acima de 50, sinalizando expansão; balança comercial também deve ser divulgada.

Votações no Congresso

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, em sessão virtual, o auxílio de R$ 125 bilhões para os estados, o Distrito Federal e os municípios em razão da pandemia do novo coronavírus. Como foi modificada pelos parlamentares, a matéria retorna para análise do Senado antes de seguir para sanção presidencial.

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 39/20 prevê que serão direcionados R$ 60 bilhões em quatro parcelas mensais. Desse total R$ 50 bilhões serão para uso livre (R$ 30 bilhões vão para os estados e R$ 20 bilhões para os municípios). Como não participa do rateio dos municípios, o Distrito Federal receberá uma cota à parte, de R$ 154,6 milhões, também em quatro parcelas. Os outros R$ 10 bilhões terão que ser investidos exclusivamente em ações de saúde e assistência social (R$ 7 bilhões para os estados e R$ 3 bilhões para os municípios).

O texto do Senado previa que só servidores de segurança pública e da área de saúde ficariam fora do congelamento de salário, mas a Câmara aumentou o número de categorias fora da restrição: trabalhadores da educação, da assistência social e na limpeza pública; policiais legislativos; técnicos e peritos criminais; agentes socioeducativos; e fiscais agropecuários. A Câmara também mudou um dos critérios de distribuição de recursos entre os estados.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou as mudanças, que, segundo ele, desidrataram as contrapartidas; o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que as mudanças feitas pelos deputados não serão acatadas.

Segundo a Agência Câmara, a votação da PEC do “orçamento de guerra” fica para esta quarta-feira. O Plenário também analisará destaques à MP que facilita venda de imóveis da União; Segundo Maia, pode ainda ser votada MP que extingue o fundo de Reserva Monetária, que não tem função específica e encerrou 2018 com R$ 8,7 bilhões.

Repercussão sobre depoimento de Moro

Os investidores também seguem de olho na repercussão política do depoimento à Polícia Federal no último sábado (2) do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que foi divulgado pela imprensa na tarde da última terça-feira.

Moro repetiu as alegações de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) buscou interferir nas atividades da PF e ter acesso a relatórios de inteligência da corporação, e afirmou que o mandatário “pediu” o controle da superintendência da PF no Rio de Janeiro.

“Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de WhatsApp, segundo transcrição do depoimento do ex-ministro à PF no inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

Após a divulgação do documento, foi informado que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou as diligências solicitadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no inquérito que apura suposta tentativa de interferência na Polícia Federal (PF). No pedido encaminhado, Aras pediu autorização para a tomada de depoimento de três ministros, seis delegados da Polícia Federal (PF), da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), além da realização de perícias. As medidas foram tomadas após o Moro prestar depoimento.

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é movimentado, com destaque para a divulgação de resultados. A Vivo registrou lucro líquido de R$ 1,15 bilhão no primeiro trimestre, queda de 14% na base de comparação anual. Já a TIM Brasil teve lucro líquido normalizado de R$ 164 milhões no primeiro trimestre de 2020, alta de 8,3% em relação ao mesmo período de 2019. Energias do Brasil e Alpargatas também revelaram seus números.

Sobre a Petrobras, segundo a Reuters, a estatal tem apoio para pulverizar controle da Braskem, enquanto o Estadão informa que a Embraer contratou o Itaú para assessorar pacote de socorro feito com o BNDES. Já a Tecnisa aprovou grupamento de ações na proporção de 10 para 1.

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