Gestão de Pessoas: como liderar uma equipe no período de crise

Gestão de Pessoas: como liderar uma equipe no período de crise

abril 29, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – Comércios fechados, queda no consumo e empresários cada dia mais preocupados com a saúde do seu negócio.

Segundo sondagem XP Empresas realizada no final de março, 59% das companhias já sentiram um impacto grande ou muito grande da Covid-19 nos negócios, mas 77% disseram projetar algum impacto ainda mais significativo no futuro.

Neste cenário, a habilidade de gerenciar pessoas se torna ainda mais indispensável para a sobrevivência dos negócios. Afinal, como garantir que os colaboradores mantenham seus níveis de produtividade e compromisso com a empresa em meio a tanta incerteza?

Segundo Andrea Piscitelli, especialista em marketing e consultora de gestão estratégica de pessoas, o líder que procura a segurança psicológica de sua equipe faz muito mais do que uma boa ação. Ele tende a conquistar melhores resultados e ser reconhecido pelos clientes.

“As companhias são formadas por pessoas e, em tempos de crise, não dá para desconsiderar a segurança psicológica do time. Você pode trabalhar em uma multinacional ou no pequeno varejo, mas é fácil de notar que todo mundo está com a segurança psicológica abalada. E essa insegurança vai desde o medo de pegar esse vírus ou de alguém querido contrair a até a própria questão de estabilidade no trabalho”, explica.

Andrea foi a convidada do primeiro episódio da série de workshops “Gestão & Adaptação: Preparando seu Negócio Para a Tempestade”, um treinamento online e 100% gratuito da XP Educação para empreendedores. Clique aqui para assistir a todos os episódios da série gratuitamente. 

Durante a transmissão, Andrea falou sobre a importância de gerir pessoas em tempos de crise, além de quais ações podem ser tomadas por empresários e gestores nesse momento para tornar essa gestão mais eficiente.

“Mas o que a organização pode fazer neste momento? Todo cuidado é pouco com a comunicação, porque existe uma linha muito tênue entre plantar uma sementinha de energia produtiva e uma sementinha do pânico, que acaba paralisando todo mundo. O medo saudável é aquele que mobiliza, mas o que não pode acontecer é esse medo virar pânico”, ressalta.

Segundo a consultora, o gestor de uma equipe precisa, antes de tudo, lembrar-se de que está lidando com pessoas, e que ter empatia neste momento de tanta incerteza é fundamental.

“Um bom líder precisa mostrar que entende o lado de seus colaboradores, que se preocupa com eles e que dará todo o suporte que estiver ao seu alcance. Essa é uma crise humana, e que precisa de humanidade para ser superada”, afirma.

Durante entrevista à head da XP Educação, Izabella Mattar, Andrea também explicou como a gestão de pessoas de uma empresa pode impactar na visão que o consumidor assume sobre a companhia.

“Quando a gente fala de isolamento, nós estamos falando também de uma mudança no comportamento de consumo. Os consumidores já estão analisando e revendo as empresas de quem eles vão consumir também de acordo com como essas companhias estão cuidando de seus colaboradores. Então, a primeira coisa que temos que pensar enquanto empresário, líder e gestor é ‘será que eu estou passando uma mensagem consciente?’”, destaca a consultora. 

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Como lidar com o home office?

Desde o decreto da quarentena no país, milhares de empresas adotaram o home office como alternativa para manter seus negócios em funcionamento, mas respeitando o isolamento social.

Esse formato de trabalho, apesar de já ser comum em diversas companhias, ainda traz consigo muitas dúvidas sobre como gerir as pessoas à distância.

Para Andrea, a primeira coisa que precisa acontecer para que o modelo de home office funcione de forma fluida é uma mudança de mindset de gestão.

“A cultura do comando e controle é muito prejudicial quando o assunto é trabalho à distância. Quando um trabalhador fica mais preocupado com dar satisfação sobre o que ele está fazendo, sua produtividade cai e a empresa toda sofre. Os gestores precisam aprender a abrir mão do controle e confiar mais nos seus colaboradores”, afirma.

Segundo ela, é necessário que haja um alinhamento de toda a frente de gestão dessa empresa sobre como todos vão liderar seus respectivos times durante esse período. “É preciso que todos falem a mesma língua. O gestor necessariamente terá que dar mais autonomia e flexibilidade aos colaboradores, inclusive no horário de trabalho”, explica.

Andrea também reforçou que a empresa precisa ter consciência de que o modelo de home office não se trata de uma redução de custos de um espaço físico, mas sim de uma transferência desses custos para o colaborador.

“A pessoa vai ter que ter uma estrutura em casa para dar conta de fazer o próprio trabalho e é necessário que haja um equilíbrio entre todos os lados para que essa estrutura de home office funcione de uma forma positiva e sustentável para todo mundo”, completa.

Em busca de novas alternativas

Paras as empresas que não conseguem trabalhar em formato de home office, como muitos prestadores de serviços e estruturas de varejo, Andrea afirmou que a união da equipe também é fundamental para que juntos consigam encontrar formas de manter o negócio em pé.

“Os gestores precisam ter em mente que os colaboradores também são uma fonte de recursos extraordinária. Essa é a hora de convidar as pessoas a serem empreendedoras junto com você”, explica.

“É importante também deixar a equipe toda alinhada à realidade da empresa. E isso é chegar e dizer ‘olha, gente, temos um fôlego apenas até o final de abril. O que a gente vai fazer? Estamos juntos, nós vamos lutar pela sobrevivência do negócio e eu quero ouvir de vocês o que vocês acham que devemos fazer’. Isso é importante para engajar essas pessoas a assumirem esse compromisso de lutar pela empresa junto com você”.

Segundo ela, os pequenos e médios empresários precisam, mais do que nunca, buscar também outras fontes de recursos de conhecimento. “Ele vai precisar conversar com pessoas de outros setores, com outros empresários, fazer workshops e cursos para ter provocações e insights que podem ajudá-lo a criar uma movimentação em busca de soluções”, afirma.

“No final, temos duas escolhas: podemos interpretar esse momento como uma limitação ou como uma oportunidade para enxergar novas possibilidades que você não enxergaria na sua zona de conforto de antes da crise.”

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