Magalu e BRF soltam resultados unanimemente bons, mas futuro das ações divide analistas: os destaques dos balanços

Magalu e BRF soltam resultados unanimemente bons, mas futuro das ações divide analistas: os destaques dos balanços

novembro 10, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – Os resultados mais uma vez ganham destaque na sessão desta terça-feira (10). Em destaque, estiveram os resultados do Magazine Luiza (MGLU3) e da BRF (BRFS3), com os analistas sendo praticamente unânimes em apontar os números como bastante positivos, mas se dividindo sobre o futuro das ações.

Já o balanço da Embraer (EMBR3) foi visto como bastante fraco, impactada pela pandemia do coronavírus, mas a ação teve maior otimismo recentemente com o otimismo sobre a vacina da Pfizer e Biontech. Outros resultados também foram destaque, caso de Yduqs, Linx e Positivo; confira abaixo:

Magazine Luiza (MGLU3)

Já se tornou praticamente uma rotina: o Magazine Luiza, mais uma vez, brilhou os olhos dos investidores e analistas com um resultado surpreendentemente positivo, ainda que as estimativas fossem bastante altas para os números da varejista.

Para a XP Investimentos, mais uma vez, o balanço foi “sem palavras”. Segundo o Credit Suisse, o Magalu entregou um resultado bastante forte que indicou uma combinação bastante interessante de crescimento fantástico com geração de caixa excelente. A rentabilidade surpreendeu com uma margem Ebitda ajustada chegando a 6,8% (versus a estimativa do banco de 5,9%) e um lucro líquido cerca de 35% acima do esperado pelos analistas.

A empresa conseguiu entregar um crescimento excelente nas lojas físicas de cerca de 18% na base anual, além do fantástico avanço de 149% na base anual no e-commerce. Para eles, o Magalu já provou a capacidade de se reinventar muitas vezes ao longo dos anos quando, em muitas ocasiões, poderia parecer que o papel estava caro.

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, os principais destaques positivos foram: i) crescimento de vendas acima do esperado em todos os canais de venda, em especial no físico e no varejo digital direto (1P); ii) taxa de crescimento das vendas online três vezes superior ao do mercado, o que significa ganhos de participação (market share) e iii) geração operacional de caixa de R$ 883 milhões.

As vendas brutas totais (GMV) foram de R$ 12,35 bilhões, 81% a mais que no mesmo período de 2019.
A receita líquida foi de R$ 8,3 bilhões, aumento de 71% na comparação anual. Em termos ajustados, o lucro líquido foi de R$ 216 milhões, 70% a mais na mesma base de comparação.

Enquanto isso, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) totalizou R$ 561,2 milhões, aumento de 41%  na comparação anual. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida), por sua vez, teve queda de 8,2% no terceiro trimestre de 2019, para 6,8% neste trimestre.

“Não houve grandes destaques negativos no resultado. Porém, as margens bruta, Ebitda e líquida apresentadas não foram tão empolgantes como o crescimento na linha de receita líquida”, aponta a Levante.

Segundo aponta a equipe de análise da Levante, o Magalu “vendeu igual água” em todos os seus canais. “Destacamos as lojas físicas, o varejo digital direto (1P) e o marketplace (3P), nesta ordem”.

No varejo físico, o indicador de Vendas Mesmas Lojas, que expurga as lojas abertas da comparação, apresentou crescimento de 7,2%, mesmo com todas as restrições ainda em vigor devido a pandemia. Algumas unidades ficaram fechadas em parte do trimestre e, ajustando o indicador pelo período mesmos dias o crescimento foi de 18% na base anual.

No varejo digital direto (1P), o crescimento das vendas foi em linha com a taxa de crescimento do segundo trimestre, enquanto o marketplace (3P) cresceu 145%. Para os analistas, o dado não deve ser considerado ruim, mas veio bem abaixo dos últimos trimestres (em que a taxa crescia entre 200% e 300%): “avaliamos o desempenho como relativamente pior ao dos outros canais”.

O crescimento menos intenso no marketplace é explicado pela volta da “omnicanalidade” com a empresa utilizando as suas lojas físicas na logística de entrega com o “clique e colete” e o retire na loja.

As margens apresentadas foram medianas, na avaliação da Levante, por conta da maior participação das vendas online, cujo ambiente de preços é mais agressivo e o custo variável, maior.

Sobre a margem Ebitda, os analistas apontam que houve um “efeito rebote”, já que a empresa havia postergado o aumento das despesas devido a pandemia no trimestre passado e agora houve uma retomada com o que a companhia chamou de “investimentos em nível de serviço”. Ou seja, investimentos para manter a qualidade nos serviços tanto para seus clientes (1P) como seus parceiros (3P).

“O Magazine Luiza é uma companhia de varejo com perfil “tech” e, por essência, intensiva em trabalho. Isso significa que parte relevante dos seus investimentos é em pessoal (pesquisa e desenvolvimento, atendimento etc.), o que aumenta as despesas e reduz o resultado no período. Em empresas industriais, a parte mais relevante dos investimentos não passa no resultado do período, apenas na demonstração de fluxo de caixa”, apontam.

Para o Credit Suisse, o ambiente macroeconômico para o próximo ano ainda deixa muitas dúvidas, mas os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto apontam que o case de Magalu atualmente continua a ser muito mais “micro” (baseado na política interna) do que macro e que existem inúmeras estratégias em curso como aquisições sendo plugadas no ecossistema, melhora de logística, MagaluPlay, entre outras. “Sabemos que o e-commerce no Brasil ainda está nas fases iniciais e que ainda tem muito potencial para evoluir”, apontam os analistas.

Contudo, novamente, uma questão que volta à tona é sobre se a ação já subiu demais, ainda mais levando em conta os ganhos acumulados em 2020 de mais de 115% até a tarde desta terça-feira, enquanto o Ibovespa registra perdas de cerca de 8%.

Cabe ressaltar que, nesta semana de alta de mais de 4% do índice em meio ao otimismo com o desenvolvimento da vacina da Pfizer-Biontech, os papéis das varejistas de e-commerce registram algumas das maiores quedas do benchmark da bolsa, com o dinheiro migrando de quem foi aposta durante a pandemia para as companhias que mais sofreram por conta das medidas de isolamento social.

Ainda há outras incertezas no radar, como destaca Victor Hasegawa, gestor da Infinity Asset, como a retirada do auxílio emergencial, que se encerra em dezembro e que foi uma injeção de liquidez, na economia.

Com isso, apesar da avaliação bastante positiva sobre os números da varejista, XP Investimentos e Credit Suisse possuem recomendação neutra para o ativo MGLU3, com preço-alvo respectivo de R$ 20 e R$ 25, principalmente por enxergarem que a ação já precifica as qualidades da companhia. O Bradesco BBI elevou o preço-alvo para o papel após o resultado de R$ 21 para R$ 30 (potencial de valorização de 13% frente o fechamento da véspera), mas manteve a recomendação neutra.

Por outro lado, o Morgan Stanley e o Itaú BBA mantêm recomendação equivalente à compra para os ativos.

Os analistas do BBA apontam: “o Magazine Luiza tem entregado consistentemente os melhores resultados em sua operação online, crescendo continuamente seu GMV em um ritmo sólido e superando as estimativas otimistas. Consequentemente, sua ação tem subido muito nos últimos anos,  precificando a continuação dessa sólida história de crescimento à frente. Reconhecemos o valuation esticado  da empresa, mas acreditamos que seus planos de crescimento agressivos e a execução sólida ainda podem levar a novas revisões em alta de nossas estimativas. Portanto, manteremos nosso preço justo para 2021 a R$ 20 por ação e nossa recomendação até revisarmos nosso modelo”.

Na mesma linha, o BB Investimentos manteve recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 34,70, o que configura um potencial de valorização de 31,2% frente ao fechamento da véspera. “Os papéis de MGLU3 são um dos poucos do setor varejista que vem apresentando um desempenho espetacular ao longo de 2020. Favorecida pela força do seu ecossistema de vendas e robusto desempenho econômico-financeiro, desde o início do ano os papéis têm descolado da performance do Ibovespa e apresentado variações muito superiores ao índice, como se a pandemia tivesse apenas
passado pela porta da frente, sem grandes interferências em seus negócios”, afirmam os analistas do BB-BI.

Tendo em vista esse cenário, a Levante destaca alguns catalisadores de curto e médio prazo para o papel:  i) a retomada definitiva do varejo físico; ii) seu desempenho operacional na Black Friday, que acontece no fim de novembro; iii) o desempenho das vendas após o fim do auxílio emergencial e iv) melhora na margem operacional nos próximos resultados.

Números surpreendentes, mas também um cenário de incerteza para os próximos meses. Foi assim que os analistas receberam os números da BRF.

A processadora de alimentos  teve lucro líquido de R$ 218,7 milhões, queda de 50,9% na base anual, mas acima dos R$ 203,15 milhões esperados por analistas, segundo a média dos dados da Refinitiv.

A receita líquida teve alta de 17,5%, a R$ 9,9 bilhões, com a empresa conseguindo elevar o preço médio dos produtos vendidos. A BRF também disse que conseguiu aumentar em 0,7% os volumes de alimentos industrializados e carnes vendidos no trimestre, para 1,1 milhão de toneladas.

A BRF, maior exportadora mundial de frango, obteve mais da metade de suas vendas do Brasil, onde a receita líquida cresceu quase 21%.

Internacionalmente, a receita líquida cresceu 13,5%, mas ajustes na produção em meio à pandemia da Covid-19 continuaram impactando as operações. Como resultado, o lucro bruto e as margens foram pressionados, disse a BRF. Os custos mais altos de grãos e outras despesas denominadas em dólares também afetaram a lucratividade de suas exportações, acrescentou a empresa.

O destaque ficou para o Ebitda. Segundo o Credit Suisse, os resultados foram robustos, com destaque para o dado ajustado de R$ 1,5 bilhão e margem de 14,7%, com a boa performance da empresa devido a volume e preço mais alto no mercado doméstico, preços mais altos na Ásia e distribuição direta no Halal (Oriente Médio). A parte de Halal e exportações, contudo, ainda estão abaixo do seu potencial.

Também avaliando os números como positivos, a XP Investimentos apontou como um ponto ruim no balanço o Ebitda ajustado das exportações diretas, que ficou negativo em R$ 14 milhões, significativamente abaixo da expectativa da equipe de análise de R$ 53 milhões.

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“Como as receitas vieram praticamente em linha com o que esperávamos, atribuímos a surpresa negativa a custos mais elevados. Segundo a empresa, houve um aumento na tributação da Arábia Saudita, além de uma paralisação temporária da planta de Lajeado-RS, afetando negativamente a disponibilidade de produtos”, aponta a analista Larissa Pérez.

Entre as surpresas positivas, esteve o Brasil com a melhora do mix de produtos, mas também sinalizando que a empresa tem se esforçado para repassar as altas nos preços dos grãos e de custos relacionados ao combate à Covid-19.

“Vale lembrar que os desafios de curto prazo permanecem, sobretudo em função da possibilidade de término do auxílio emergencial. Ainda assim, entendemos que as vendas no quarto trimestre devem seguir aquecidas. A principal dúvida que fica é se o setor irá reduzir a produção para aumentar a margem entre os custos e os preços de venda, uma vez que o cenário de grãos segue altista”, aponta Larissa. A recomendação da XP para os papéis é de compra, com preço-alvo de R$ 30 por ativo para o fim de 2021.

Para os analistas do Credit, a companhia deve se beneficiar de um real mais depreciado nos próximos trimestres e do apoio que tem recebido do auxílio emergencial no consumo de proteína, associado à pandemia até o final de 2020.

“Mesmo assim, ainda estamos cautelosos com o papel dado que o mercado doméstico pode não aguentar o aumento de preço (após o  fim do auxílio emergencial) por muito tempo além das questões de âmbito internacional”, avaliam. A queda no preço das aves para exportação em dólar, competição mais acirrada com os EUA na exportação pra China e exportações mais fracas de peru para o Iraque impedem que os analistas fiquem mais otimistas, também destacando verem uma pressão no preço da ração nos próximos meses. Com isso, a recomendação do Credit para a ação segue neutra.

Também destacando o resultado positivo, o Morgan Stanley apontou que uma reação positiva das ações não surpreenderia, mas os analistas do banco seguem com recomendação underweight (exposição abaixo da média), com preço-alvo de R$ 19 para a ação, também esperando um ano de 2021 desafiador, com economia brasileira potencialmente mais lenta, mercado internacional mais fraco e custos altos.

Em teleconferência, os executivos da BRF destacaram nesta terça-feira que o auxílio pago pelo governo pago a uma parte expressiva da população reforçou seu desempenho no terceiro trimestre, acrescentando que o fim iminente dos pagamentos da ajuda pode sim se um problema adiante. Eles também apontaram que a forte demanda por alimentos no Brasil permitiu à empresa aumentar os preços e compensar parcialmente o efeito negativo dos custos mais altos dos grãos e despesas relacionadas à pandemia.

O grupo de ensino Yduqs viu seu lucro cair no terceiro trimestre, mas seus resultados ajustados vieram acima das previsões de analistas, uma vez que a divisão de ensino à distância compensou parcialmente os efeitos do fechamento das escolas diante da pandemia da Covid-19.

O lucro ajustado foi de R$ 191,3 milhões, 1,5% menor frente igual período do ano passado, enquanto a previsão média de analistas da Refinitiv era de lucro de R$ 123,6 milhões; não ficou claro se os números são comparáveis. Em termos líquidos, o lucro da companhia foi de R$ 112,5 milhões, 26,5% menor no comparativo anual.

Fortalecida também pela inclusão das operações do grupo Athenas (agosto e setembro) e Adtalem (maio a setembro), compradas pela Yduqs, a receita líquida da companhia somou R$ 976,3 milhões, 17,2% acima contra mesma etapa de 2019.

O ensino digital registrou alta de 56% na receita, compensando em parte a perda de 18% no total de alunos matriculados nas aulas presenciais.

O Ebitda somou R$ 332,2 milhões, aumento de 10%. Em termos ajustados, o Ebitda subiu 19,5%, para R$ 411 milhões.

A Yduqs fechou setembro com posição de caixa em R$ 1,9 bilhão, o que, somado e o baixo endividamento (1,41 vez o Ebitda) “nos deixa com um balanço sólido e com espaço para novas aquisições”, afirmou a companhia.

O Morgan Stanley avaliou os resultados como “bons”, porém ainda impactados pelos efeitos da pandemia, levando a ajustes não recorrentes. Os resultados foram pressionados por demanda mais fraca e abandono mais alto de cursos. O ensino a distância e cursos de medicina continuam oferecendo bons resultados.

A receita estava em linha com a expectativa, e o Ebitda ajustado superou tanto a estimativa do Morgan Stanley quanto o consenso do mercado. O banco tem recomendação overweight (expectativa de ganhos acima da média do mercado) para o papel, com preço-alvo de R$ 41.

O Bradesco BBI avalia que os resultados da Yduqs foram negativamente impactados pela pandemia e que a receita líquida foi 2% menor que sua expectativa, devido a redução dos preços de cursos por decisões judiciais. O banco avalia que o pior já passou e espera que os preços voltem à normalidade nos próximos trimestres. O banco espera que sinergias levem a aumento das margens e reduzam efeitos negativos sobre o Ebitda. O Bradesco BBI vê tendências positivas, com número de matrículas acima do esperado. Mantém avaliação de outperform, com preço-alvo de R$ 46, frente os R$ 26,17 atuais.

Para o Credit Suisse, o impacto foi limitado e, embora as ordens judiciais motivadas pela Covid-19 sobre as mensalidades diminuíssem os tíquetes médios em cerca de 4% (versus o que seria um crescimento de 7%), a companhia foi capaz de manter níveis saudáveis ​​de retenção e entrada. O ensino à distância continuou crescendo, assim como a base de alunos na área da saúde.

As otimizações de operações estão ajudando na lucratividade, mas a Covid afetou a capacidade de pagamento dos alunos e aumentou o custo dos empréstimos, enquanto as contribuições negativas mais notáveis ​​foram as despesas com inadimplentes, gerais e administrativas.

“A ameaça da Covid ainda não ficou para trás, pois as incertezas permanecem sobre a admissão e retenção no ensino presencial, impulsionadas pelas inseguranças dos alunos sobre a renda, normalidade pós-Covid e atrasos com a realização do Enem. Mesmo assim, acreditamos que a disciplina financeira do Yduqs ajudará a companhia a navegar nas águas turbulentas que estão por vir. O resultado atual mostra robustez e sugere que há ganhos adicionais com as aquisições recentes. O crescimento do ensino à distância está ajudando a compensar parcialmente os impactos do ensino presencial e a medicina ajudará no fluxo de caixa estável”, apontam os analistas do Credit, que possuem recomendação outperform para a ação, com preço-alvo de R$ 38. Durante teleconferência, os executivos da Yduqs destacaram ver movimento favorável de alta de preços em cursos de medicina enquanto apontaram ter perspectiva positiva sobre 2021.

A fabricante brasileira de aviões Embraer teve mais uma vez os resultados impactados pela pandemia de coronavírus, registrando um prejuízo líquido atribuído ao acionista controlador de R$ 649 milhões no terceiro trimestre de 2020, uma ampliação de 106% das perdas se comparado ao resultado também negativo em R$ 314,4 milhões registrados no terceiro trimestre de 2019. Além da pandemia, o cancelamento do negócio com a Boeing envolvendo o braço comercial do grupo brasileiro – que levou a uma queda significativa na produção de aeronaves – também impactou os números.

O Ebitda ajustado da empresa fechou negativo em R$ 40,7 milhões contra um resultado positivo de R$ 75 milhões um ano antes. A margem Ebitda ajustada ficou negativa em 1% contra um resultado positivo de 1,6% um ano antes.

A receita líquida teve queda de 13% no trimestre na comparação anual e ficou em R$ 4,09 bilhões, principalmente em função das quedas nas entregas da Aviação Executiva e especialmente da Aviação Comercial.

“Essa queda foi parcialmente compensada pelo aumento de 106% (na comparação entre o terceiro trimestre de 2020 e terceiro trimestre de 2019) das receitas de Defesa & Segurança no trimestre, que foram impactadas no primeiro semestre do ano já que, algumas entregas foram postergadas em função das restrições de viagens impostas pela covid-19 como o fechamento de fronteiras de alguns países clientes”, apontou.

No trimestre, conforme divulgado em documento previamente, a Embraer entregou sete jatos comerciais e 21 jatos executivos (19 jatos leves e dois jatos grandes), totalizando 28 jatos entregues no período. Isso se compara a um total de 44 jatos entregues no terceiro trimestre de 2019, sendo 17 jatos comerciais e 27 jatos executivos (15 jatos leves e 12 jatos grandes). No acumulado do ano em 2020, a empresa entregou 16 jatos comerciais e 43 jatos executivos (33 jatos leves e 10 jatos grandes), o que se compara aos 54 jatos comerciais e 63 jatos executivos entregues durante os primeiros nove meses de 2019.

“As entregas da Embraer em 2020 estão sendo impactadas negativamente, principalmente devido à pandemia de covid-19, que continua afetando o mundo e especialmente as viagens aéreas comerciais”.

A Embraer disse que espera uma continuação na melhora nas entregas no quarto trimestre em relação aos três primeiros trimestres do ano, principalmente no segmento de Aviação Executiva, que normalmente apresenta um alto nível de sazonalidade com grande parte das entregas anuais ocorrendo no quarto trimestre.

O Resultado operacional (EBIT) e a Margem operacional reportados no trimestre foram negativos em R$ 197,8 milhões e -4,8%, respectivamente, comparados aos R$ 80,4 milhões negativos e aos -1,7% reportados um ano antes. Os resultados do trimestre incluem itens especiais que representam um impacto total positivo de R$ 41,7 milhões. Entre eles estão R$ 292,5 milhões de despesas com reestruturação relacionadas ao ajuste da força de trabalho ocorrido na companhia, R$ 68,9 milhões de provisão adicional para perdas de crédito esperadas durante a pandemia e R$ 317,2 milhões de reversão de impairment na Aviação Comercial, que impactou positivamente os resultados e R$ 85,9 milhões de reversão de impairment na Aviação Executiva, que também impactou positivamente os resultados do trimestre. “Não foram reconhecidos itens especiais nos resultados reportados no terceiro trimestre de 2019”.

Em teleconferência, a companhia destacou ainda que está se preparando para um 2021 “bastante desafiador”, com uma nova onda de infecções por coronavírus nos Estados Unidos e na Europa, que devem atrasar a potencial recuperação das viagens, disse o presidente-executivo da fabricante de aviões, Francisco Gomes Neto. 

A Embraer apontou que já entregou mais aviões em outubro do que em todo o período de julho a setembro, visto como promissor, mas que pode ser minado se a segunda onda da pandemia não for controlada agora.

Vale destacar que, na véspera, os papéis EMBR3 saltaram 13,13%, com a notícia de que a farmacêutica americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech disseram que sua vacina contra o coronavírus teve uma eficácia de 90% na prevenção de covid-19 entre aqueles sem evidência de infecção anterior baseados em seu teste de fase três (confira clicando aqui). Na sessão desta terça, após o balanço, os papéis caíram 6,75%, mas amenizaram durante o pregão. 

Durante o trimestre, a receita de jatos comerciais foi a mais atingida, caindo de US$ 408 milhões um ano atrás para US$ 177 milhões, uma vez que a pandemia devastou as viagens comerciais. A divisão de jatos executivos, que alguns analistas acreditam ser um ponto positivo, já que os pessoas muito ricas gastariam para viajar isolados, também caiu significativamente. A receita de jatos executivos ficou em US$ 212 milhões, de US$ 363 milhões um ano atrás.

Sua divisão de defesa, no entanto, conseguiu aumentar sua receita com entregas maiores de aviões militares. Ainda assim, a divisão de defesa da Embraer continua sendo um segmento de negócios menor do que a fabricação de aviões civis. A empresa teve consumo de caixa de US$ 567 milhões durante o trimestre.

Para o Bradesco BBI, os resultados foram fracos. De acordo com os analistas, o fator mais importante no resultado do terceiro trimestre de 2020, a margem bruta caiu para 7,2% no terceiro trimestre (baixa de 5,9 pontos na base anual) devido à redução massiva nas entregas de aeronaves nas áreas comercial e executiva. Para defender margens, a Embraer avança nas iniciativas de corte de custos e redução da  força de trabalho global em 15% (3.000 funcionários), o que deveria mitigar parcialmente as fracas entregas de aeronaves fracas esperadas nos próximos trimestres.

Ao olhar como os resultados afetam a visão de longo prazo, o BBI ressalta que a Embraer levantou US$ 750 milhões, usando US$ 250 milhões para refinanciar parte dos vencimentos em 2022 e 2023 e US$ 500 milhões para fortalecer o seu caixa.

“Com US$ 2,2 bilhões em caixa no terceiro trimestre de 2020, a Embraer terá tempo para implementar seu plano 2021-2025, que consiste em três frentes principais: 1) foco em ganhos de eficiência, 2) esforços de vendas intensificados, e 3) diversificação, inovação e parceria. No entanto, os resultados dos ganhos no quarto trimestre de 2020 e 2021 podem continuar a ser severamente impactos pela pandemia da COVID-19 e, consequentemente, o adiamento das entregas de aeronaves”, aponta o BBI.

Os analistas do BBI possuem recomendação neutra, baseada no: 1) adiamento das entregas de aeronaves; 2) condições competitivas com a Airbus; e 3) um valuation pouco atrativo. O preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts), com preço-alvo de US$ 4, o que representa uma queda de 27% em relação ao fechamento da véspera. O UBS também possui recomendação neutra para o ADR, com preço-alvo de US$ 7, ou um potencial de valorização de 27,27% frente o fechamento da véspera.

 

São Martinho (SMTO3)

O lucro da São Martinho disparou com altas na venda de açúcar, indo a R$ 332 milhões alta de 169,4% frente o mesmo período de 2019.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado da companhia atingiu 476,2 milhões de reais no mesmo período, avançando 22,8%.

A receita da São Martinho com açúcar cresceu 89,7% no segundo trimestre da safra 2020/21, para 411,8 milhões de reais, com a companhia sendo beneficiada pela desvalorização do real ante o dólar, além de preços sustentados no exterior por fatores como uma menor produção na Tailândia.

O Credit Suisse avalia que a perspectiva para os preços de açúcar e etanol está melhorando, com recuperação acima do esperado do etanol, e preço do açúcar próximo à máxima do ano. O banco se mantém positivo quanto à tese de investimento no São Martinho, com avaliação das ações em outperform e preço-alvo de R$ 24, frente os R$ 22,55 atuais.

Positivo (POSI3)

A fabricante de componentes eletrônicos Positivo Tecnologia informou que fechou o terceiro trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 50,3 milhões, alta de 433,3% frente o mesmo período de 2019. A margem líquida subiu 7,7 pontos percentuais, a 9,6%.

A receita bruta cresceu 13,2% no período, a R$ 600,7 milhões, motivada pela retomada do mercado de PCs no varejo.

“Por um lado, a companhia reportou uma forte performance de receita, impulsionada por uma forte demanda por produtos ligados ao home office e homeschooling, enquanto já vemos indícios de retomada de clientes corporativos a partir de setembro e de órgãos públicos, com a assinatura do contrato com o TSE para fornecimento de urnas para as próximas eleições. Por outro lado, altos custos continuam a pressionar as margens”, afirma a XP, que mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 6,00 ao final de 2020 para as ações.

Direcional (DIRR3)

A Direcional teve lucro líquido ajustado de R$ 33 milhões no terceiro trimestre de 2020, 27% acima do que o registrado em igual período de 2019.

O Ebitda ajustado totalizou R$ 73,8 milhões, 22% acima na base de comparação anual, enquanto a margem Ebitda ajustada somou 19,7%, alta de 3 pontos percentuais.

Em destaque, esteve o novo recorde de vendas líquidas para um único trimestre. O VGV (Valor Geral de Vendas) foi de R$ 458 milhões, acompanhado pela melhora de VSO (Vendas Sobre Oferta) de estoque, que alcançou 22% na versão consolidada.

Segundo o Credit Suisse, o resultado foi bastante forte e em linha com as expectativas do banco, avaliando que o próximo trimestre pode ser ainda melhor do que o terceiro trimestre, considerando que os lançamentos foram em parte concentrados no final do trimestre e que o mix de vendas possui em grande parte empreendimentos que ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento.

Outro ponto importante é que a empresa tem acelerado a operação do Riva 9, bastante positivo dada a  preferência dos analistas na Bolsa pelo segmento de média e alta rendas, principalmente neste cenário de aumento de custos. Os analistas mantêm a recomendação outperform; contudo, ainda estão preocupados com a pressão na alta do preço e impacto nas margens, uma das razões pelas quais preferem o segmento de média/alta renda que a empresa tem exposição por meio da Riva.

Para o Itaú BBA, os resultados foram neutros e mantém a recomendação com o papel outperform, com preço-alvo de R$ 14,80. A visão positiva sobre o nome é baseada em: i) margens mais fortes do que o esperado da empresa no programa de habitação do governo, sem a necessidade de descontos maiores; e ii) o valuation relativamente descontado das ações, com o potencial de uma reclassificação em sinais de recuperação do ROE mais rápida à frente.

A Linx registrou lucro líquido de R$ 3 milhões no terceiro trimestre de 2020, queda de 84,5% em relação ao mesmo período de 2019 e retração de 74,8% na comparação com o segundo trimestre. De acordo com a empresa, a piora reflete o impacto negativo no resultado financeiro com a redução gradual do CDI no período e aumento no custo da dívida da companhia, além de maiores custos de publicidade e implementação, efeitos das aquisições de empresas e consolidação das respectivas estruturas de custos e reversão líquida de earn-outs nos períodos.

Já o Ebitda totalizou R$ 44,635 milhões no terceiro trimestre, alta de 11,3% em relação a igual época do 2019. Na comparação com o segundo trimestre, porém, houve queda de 9,8%. O Ebitda ajustado atingiu R$ 57,4 milhões entre julho e setembro, acréscimo de 21,7% na comparação anual e queda de 4,7% em relação ao segundo trimestre. A receita recorrente atingiu R$ 215,5 milhões no terceiro trimestre, representando 85% da receita operacional bruta, aceleração de 18,5% em um ano e avanço de 3,7% ante o segundo trimestre.

“Destaca-se a contribuição da receita recorrente no trimestre como consequência da aceleração do processo de transformação digital dos varejistas. Adicionalmente, as evoluções são explicadas por iniciativas vinculadas ao quadro de funcionários e seus benefícios, postergação ou cancelamento de convenções e eventos e redução de despesas com viagem e hospedagem”, explicou a empresa em seu relatório trimestral.

No terceiro trimestre, o saldo de caixa e aplicações financeiras da companhia atingiu R$ 759,9 milhões, R$ 314,6 milhões abaixo do valor no terceiro trimestre de 2019 em função principalmente do desembolso decorrente das cinco aquisições de empresas e execução do programa de recompra das ações de emissão da companhia.

A dívida bruta da companhia encerrou o terceiro trimestre em R$ 515,4 milhões, alta de 23,5% ante o segundo trimestre. Enquanto isso, o caixa líquido ficou em R$ 244,5 milhões.

Ao final do terceiro trimestre, a Linx atingiu taxa de renovação de clientes de 98,8%, em linha com o trimestre anterior mesmo em meio a um cenário de pandemia.

Na visão do Bradesco BBI, a Linx registrou sólidos números no trimestre, com atenção para a receita líquida e Ebitda ajustado. A receita recorrente aumentou cerca de 15%, com crescimento orgânico acima de 7,5% na base anual, devido a resultados mais fortes em Linx Digital e Pay Hub, que alcançaram uma participação total da receita recorrente de 15,8% e 14,2%, respectivamente.

Por outro lado, nos cálculos do BBI, o crescimento da receita de assinatura nos negócios principais desacelerou para 4,2% na base anual de cerca de 14% no primeiro trimestre. “Vemos isso como reflexo da menor taxa de retenção de clientes desde o quarto trimestre de 2017, que atribuímos à maior mortalidade de empresas no período em função da crise da Covid-19”, apontam.

Segundo os analistas, a desaceleração no “core business” já era um ponto de preocupação e confirma a visão de que, no curto prazo, há pouco espaço para melhorias, visto que os vetores de crescimento são: (i) novos clientes; (ii) clientes existentes – abertura de novas lojas; (iii) clientes existentes – venda cruzada.

“Por fim, embora os resultados não sejam um ‘gatilho’ no momento, o fato da Linx ter apresentado melhores resultados em Digital e Pay Hub mostra o potencial da Linx nessas frentes. Em relação ao negócio com a Stone e a Totvs, esperamos que a empresa dê mais detalhes antes da assembleia de acionistas marcada para o dia 17 de novembro”, destacam os analistas do BBI.

(com Agência Estado e Bloomberg)

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