Como 0,1% de retorno pode custar caro ao investidor no longo prazo
abril 14, 2020SÃO PAULO – Imagine dois cenários para seus investimentos. No cenário A, você faz uma aplicação inicial de R$ 10 mil e aportes mensais de R$ 1,5 mil durante 50 anos. A rentabilidade é de 0,9% ao mês. No cenário B, você segue exatamente o mesmo procedimento, mas com rentabilidade de 1,0%.
O investidor que calcular o resultado de cada uma das operações acima certamente ficará surpreso. No cenário A, você poderia resgatar R$ 2,2 milhões ao fim da aplicação e, no cenário B, R$ 3,9 milhões. Uma diferença de R$ 1,7 milhão.
Para Thiago Nigro, criador do canal O Primo Rico, pequenos conhecimentos podem ser capazes de gerar retornos tão díspares quanto esses no longo prazo. É o que ele considera o custo de oportunidade de se abrir mão de uma boa educação financeira.
O especialista em investimentos fez mais uma live do seu Desafio 21Dias nesta segunda-feira (13).
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Talvez um dos exemplos mais emblemáticos do custo de oportunidade aplicado ao mundo dos investimentos venha do lendário investidor americano Warren Buffett.
Nigro conta que quem tivesse investido 100 dólares no portfólio de ações da Berkshire Hathaway em seu início, na década de 1970, teria hoje 1,6 milhão de dólares.
Se a mesma pessoa tivesse aplicado nos mesmos investimentos de Buffett por meio de um fundo com 2% de taxa de administração e 2% de taxa de performance (a praxe do mercado), esse valor cairia para menos de 200 mil dólares no resgate.
“Eu não tenho nada contra qualquer fundo. Às vezes, você não quer se dedicar o mínimo, não tem capacidade, então coloca na mão de alguém que entende mais. Mas se você quiser e estiver disposto, essa poderia ser a diferença caso investisse da forma que o Buffett investiu”, afirma Nigro.
O que olhar em uma ação
Nigro também revelou na live alguns dos indicadores de que não abre mão ao analisar uma ação.
Um deles é a relação P/L (Preço por Lucro). “O P/L mostra quantos anos eu vou levar para obter meu dinheiro de volta através do lucro daquele investimento”, explica.
Outro é o PEG RAtio, que nada mais é que o P/L dividido pelo crescimento do lucro por ação anual da empresa. Em outras palavras, é uma forma de avaliar uma ação considerando a taxa de crescimento dos lucros da empresa. O quanto menor esse indicador, mais atraente se torna o papel analisado.
Nigro ressalta, contudo, que tão importante quanto selecionar uma ação é evitar a exposição ao chamado risco não sistêmico — isto é, o risco inerente a uma única empresa
“Se você tem, por exemplo, só Petrobras [na sua carteira] e começam a inundar o mundo de petróleo, a casa caiu. Se quebrar a única empresa que você tem, acabou para você. Esse é o risco máximo”, afirma.
A melhor forma de reduzir o risco não sistêmico, explica Nigro, é a diversificação do patrimônio. “Se você tem 10 ações em proporção igual na sua carteira e uma delas cair 10%, sua carteira cai 1%, muito pouco.”
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Os grandes ciclos econômicos
Nigro ainda aproveitou a transmissão para falar do caráter cíclico dos mercados e de seus estágios. “Como diria Howard Marks, todos os mercados são cíclicos no longo prazo.”
Segundo o especialista, compreender os ciclos dos mercados é fundamental para saber os melhores momentos de compra e venda de ativos. Ele explica que os preços de um ativo começam a subir no otimismo, valorizam com a excitação e alcançam seu pico na euforia.
Na sequência, começam a cair, passando pela negação, pelo medo, pelo pânico, pelo desânimo e pela depressão. Depois de um tempo, a depressão dá lugar à esperança, que reinicia o ciclo no otimismo.
“Seu houvesse uma bola de cristal, a euforia seria o melhor momento para a venda e a depressão para a compra”, aponta.
Como é praticamente impossível acertar cada um desses momentos, Nigro sugere que o investidor esteja sempre atento ao ânimo geral do mercado para identificar cada momento do ciclo.
“Warren Buffett ensinou que o único momento em que você pode comprar bons negócios a preços medianos é durante grandes crises”, destaca.
Matriz da Groselha
A live desta segunda também falou de liderança e empreendedorismo. Nigro explicou como posicionar os membros de uma equipe na chamada “Matriz da Groselha”, um diagrama composto pelos eixos Motivação x Resultado.
“Se a pessoa no seu time está muito motivada mas dá pouco resultado, você precisa treiná-la, precisa dar orientação”, explica.
“Mas se a pessoa está tendo muito resultado, mas não está motivada, aí tem alguma coisa errada no processo, ou você está deixando um grande potencial na mesa. Você precisa analisar essa pessoa”, afirma.
Se o funcionário não apresentar um bom desempenho em nenhum dos indicadores, avalia Nigro, o líder deve cogitar demiti-lo. Já se a pessoa, por outro lado, apresentar muito resultado e muita motivação, é o caso de promovê-la ou de oferecer um aumento.
“Se o seu negócio não seguir essa lei natural, talvez você não esteja em um negócio meritocrático. E se não for meritocrático, talvez você não consiga enriquecer”, defende Nigro.
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