Chico Rodrigues, senador flagrado com dinheiro na cueca, pede afastamento do cargo por 90 dias
outubro 20, 2020
SÃO PAULO – O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 33 mil na cueca em operação da Polícia Federal, protocolou, nesta terça-feira (20), um pedido de licença do cargo por 90 dias junto à Mesa Diretora do Senado Federal. O movimento ocorre em meio a uma pressão da sociedade e de colegas sobre o parlamentar.
Durante o período, o senador, que foi vice-líder do governo na casa legislativa, não receberá salário. Como o afastamento é inferior a 120 dias, o suplente do parlamentar não assumirá o mandato. O primeiro na lista da chapa eleita é Pedro Arthur Ferreira Rodrigues.
A expectativa de senadores é que, com o pedido, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) não julgue decisão monocrática do ministro Luís Roberto Barroso que determinou o afastamento de Rodrigues por 90 dias. A posição também é vista como parte de uma estratégia para preservar o mandato do senador após o flagrante.
Ontem (19), o presidente do Conselho de Ética da casa legislativa, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu que o correligionário pedisse uma licença de quatro meses. “Eu sugiro para o senador pedir um afastamento por 120 dias para não dizer que está obstruindo o andamento dos trabalhos e a apuração dos fatos. Mas essa é uma decisão pessoal dele, temos que respeitar”, disse.
Até o momento, no entanto, não há certeza de que o julgamento não ocorrerá. Por meio de sua assessoria, Barroso informou que analisará o caso se e quando informado oficialmente do pedido de licença do senador. Nos bastidores, há uma avaliação de que o magistrado pode pedir retirada de pauta, uma vez que o efeito da liminar teria sido alcançado, mas manter o tema sob alçada do plenário.
O senador foi flagrado em operação que investiga esquema de desvio de recursos públicos para o combate à pandemia do novo coronavírus em Roraima. O parlamentar tentou esconder dinheiro na cueca quando policiais federais foram cumprir mandados de busca na sua casa, em Boa Vista. Rodrigues nega irregularidades e diz que o dinheiro seria usado para pagar funcionários.