Sem Renda Brasil, deputados defendem prorrogação do auxílio emergencial para 2021

Sem Renda Brasil, deputados defendem prorrogação do auxílio emergencial para 2021

outubro 5, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – Diante do impasse no governo federal quanto ao financiamento do Renda Cidadã e do calendário apertado para a aprovação do programa pelo Congresso Nacional ainda neste ano, há uma maioria de deputados federais que defenderiam a prorrogação do auxílio emergencial para o início de 2021. É o que mostra a nova rodada de pesquisa feita pela XP Investimentos com parlamentares.

Segundo o levantamento, 45% dos deputados federais consultados concordam que o benefício criado para atender trabalhadores informais e famílias de baixa renda durante a pandemia do novo coronavírus seja estendido caso o novo programa permanente não saia do papel a tempo. O percentual salta para 53% entre os congressistas de partidos da oposição e fica em 42% entre membros de outras legendas.

Outros 16% apoiam a prorrogação do benefício, mas com alterações sobre o modelo atual. Este grupo concentra 34% dos membros de partidos de oposição do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Entre as demais bancadas, o grupo corresponde a 10% dos deputados consultados.

A pesquisa ouviu 174 dos 513 deputados federais, entre os dias 14 e 30 de setembro. O levantamento respeita a proporcionalidade das bancadas na casa legislativa, com os totais ponderados pela proporção de deputados da oposição (25,5%) e dos demais partidos (74,5%). Os resultados são apresentados de maneira agregada, preservando o anonimato dos participantes.

O levantamento mostra que 83% dos deputados opositores defendem que o valor de R$ 300 do auxílio emergencial até dezembro seja elevado, enquanto 69% dos membros de outros partidos defendem o novo montante proposto. No início do programa, o valor repassado era de R$ 600, e foi reduzido pelo governo ao ser prorrogado por mais quatro meses.

Ao todo, 55% dos congressistas consultados são favoráveis ao desenho apresentado pelo Poder Executivo, enquanto 31% defendem um aumento. Outros 3% dizem que o repasse mensal deve ser reduzido, ao passo que 12% não responderam ao questionamento.

Quanto ao financiamento do Renda Cidadã – programa antes chamado de Renda Brasil por membros do governo federal –, há clara divisão entre os congressistas. Para 30%, o programa deve avançar usando recursos de outros benefícios que devem ser encerrados. A alternativa recebe apoio de 16% dos opositores e 35% dos membros de outros partidos.

Na avaliação de 24% dos entrevistados, o novo programa deve avançar e a despesa deve ser excluída do teto de gastos. A medida é apoiada por 50% dos membros da oposição e por 15% dos parlamentares de outras siglas.

Outros 15% defendem que o benefício seja custeado por outras fontes de recursos que não outros programas sociais. Para 8% dos deputados consultados, o novo programa social não deve ser levado à frente.

O objetivo do governo é criar um novo programa social para substituir o Bolsa Família, ampliando o número de famílias beneficiárias e os valores repassados mensalmente. As possibilidades de financiamento do plano, no entanto, têm gerado dúvidas e alimentado divergências internas no governo.

Entre os caminhos em discussão, já foram cogitadas a extinção de programas sociais considerados menos eficientes e uma desindexação temporária do salário mínimo e de benefícios da Previdência Social – ambas enfaticamente reprovadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Nos últimos dias, o governo apresentou um plano para limitar o pagamento de precatórios e de uso de parte dos novos recursos do Fundeb para financiar o programa. A alternativa sofreu duras críticas do mercado financeiro, de parlamentares e do meio jurídico. A possibilidade de fragilização do teto de gastos também frequentemente entra nas especulações sobre o assunto.

Os desafios envolvendo o Renda Cidadã foram assunto na última edição do podcast Frequência Política. Ouça pelo player abaixo:

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