O que você pode aprender com Jim Collins e Muhammad Ali, segundo Walter Maciel

O que você pode aprender com Jim Collins e Muhammad Ali, segundo Walter Maciel

outubro 1, 2020 Off Por Today Newsroom

Normalmente, quando alguém pergunta sobre sugestões de livros, nós tendemos a falar daqueles que estamos lendo no momento, e, no ambiente do mercado de capitais, acabamos por nos circunscrever a livros técnicos e ferramentas que nos ajudam a exercer nossa profissão com maior eficiência.

Confesso que, apesar de leitura importante e obrigatória, não são estes os temas que melhor me ajudam a enxergar o mundo e a adicionar mais valor na gestão da empresa. Por isso, para a Biblioteca Stock Pickers, procurei trazer uma pequena seleção de livros que me impactaram e que são atemporais.

From Good to Great – Jim Collins é o maior consultor de empresas do mundo, e, entre vários, ouvido por Jorge Paulo Lemann e Abílio Diniz. Este livro é uma sequência ao anterior, Build to Last. Jim pesquisou centenas de empresas que deixaram de ser boas para serem excelentes, enquanto alguns de seus competidores mais próximos quebraram. E o livro conta quais foram as características comuns destas experiências de grande sucesso e perenização.

Os pilares para atingir o nirvana de gestão empresarial são: liderança humilde e determinada; olhar primeiro quem e depois o que (só tenha ao seu lado quem tem os valores e skills corretos); transparência para confrontar até os fatos mais brutais; saber o que você faz bem, não faz bem e o que te move; e ter cultura empresarial disciplinada. Um aprendizado essencial para quem deseja levar seu negócio para o nível de excelência.

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The Fight – Norman Mailer divide com Philip Roth o posto de maior escritor norte-americano da segunda metade do Século XX. The Fight é uma obra poética de não ficção a respeito da luta entre Muhammad Ali e George Foreman no Zaire em 1974. Mailer era próximo a Ali e acompanhou a luta in loco.

Hoje todos veem Ali como o maior lutador de todos os tempos. Mas em 1974, a visão era diferente. Ali teve sua licença cassada em 1967 por se recusar a lutar na Guerra do Vietnã e só retornou na década de 70 contra lutadores muito mais jovens e mais fortes, – houve grande evolução do preparo físico dos atletas naqueles anos, em todos os esportes. Depois de perder em seu retorno para Joe Frazier e Ken Norton, Ali parecia mais velho e mais lento, enquanto Foreman era uma versão maior e mais forte de Mike Tyson.

O livro é um relato de coragem, (todos no entorno de Ali receavam que pudesse morrer no ringue), de estratégia e da força mental de um homem que entrou para a história não só como um rei dos ringues, mas um importante e corajoso ativista político. Inclusive está citado no Dicionário Webster como o autor do poema mais curto da língua inglesa ao discursar para os formandos de Harvard em 1975 e sugerir a eles que fizessem do mundo um lugar melhor: Me:We. Gênio!

To Hell and Back – Ian Kershaw é o autor da principal e mais completa biografia sobre Hiltler e um especialista da história europeia no Século XX. Ele escreveu dois livros fundamentais sobre esta saga. The Roller-Coaster trata da incrível recuperação da Europa do pós-guerra até 2007. Mas eu penso que a maior lição está neste primeiro volume que conta como países civilizados, que experimentavam cem anos de paz, depois das guerras napoleônicas, se envolveram em duas grandes guerras que mataram mais de sessenta milhões de pessoas, inclusive com crueldade sem precedentes.

Para Kershaw, os quatro cavaleiros do Apocalipse foram: o crescimento dramático do sentimento de nacionalismo com pitadas de racismo e preconceito étnico, demandas agressivas por revisionismo territorial, conflito de classes e uma crise do capitalismo que vários observadores pensavam ser terminal (a newsletter sobre Andre Jakurski do Stock Pickers me vem à lembrança). Evidentemente, os paralelos entre aquele período que antecedeu a WWI e hoje são evidentes.

Um dos principais pontos é como líderes fracos foram omissos e que a primeira grande guerra poderia ter sido facilmente evitada. Inclusive, na virada para o Século XX coroada pela Exposição Universal em Paris (que deixou de legado arquitetônico a Torre Eiffel, o Pettit e o Grand Palais e a Estacao D’Orsay), era senso comum que a Europa teria entrado num período secular de paz e que as novas democracias jamais fariam guerras. Aqueles que não desejam ver a história se repetir tem a obrigação de conhecê-la. Este livro é um relato fundamental para a compreensão geopolítica do mundo naqueles dias e nos de hoje.

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