Ibovespa sobe com indicadores e tentativa de recuperação das baixas da semana; dólar tem alta a R$ 5,64
setembro 30, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa opera em alta nesta quarta-feira (30), mostrando um desempenho melhor que as bolsas internacionais após o debate virulento entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, do Partido Republicano, e Joe Biden, do Partido Democrata.
Enquanto Trump interrompeu o adversário várias vezes, Biden o chamou de “palhaço” e mandou ele se calar. Com os ânimos tão exaltados há receio de que o resultado das eleições seja contestado. Trump sugeriu novamente que pode haver fraude nos votos pelos Correios e Biden o acusou de tentar assustar os eleitores, convencendo-os a não votar.
Por aqui, a taxa de desocupação atingiu 13,8% no trimestre de maio a julho de 2020 e foi a mais alta da série histórica iniciada em 2012, mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa era de que a taxa de desemprego atingisse 13,7%, segundo consenso Bloomberg.
Já nos EUA foram criadas 749 mil vagas no setor privado em setembro, mostrou o Relatório de Emprego ADP. O número veio acima da mediana das projeções dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para 649 mil novos postos de trabalho.
Os EUA ainda divulgaram o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que registrou uma contração de 31,4% em termos anualizados, mostrou a terceira estimativa do Departamento de Comércio. Segundo o consenso Bloomberg, a expectativa mediana dos economistas para o dado era de queda de 31,7% no PIB.
Às 10h10 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 0,85%, aos 94.373 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial tem leve variação positiva de 0,07% a R$ 5,644 na compra e a R$ 5,645 na venda. O dólar futuro com o mesmo mês de vencimento registrava ganhos de 0,22%, a R$ 5,649.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 3,12%, o DI para janeiro de 2023 recua um ponto-base a 4,58%, o DI para janeiro de 2025 tem queda de três pontos-base a 6,54% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de três pontos-base a 7,52%.
Entre os indicadores internacionais, a atividade industrial na China de setembro calculada pelo Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) foi de 51,5 pontos, acima das expectativas dos analistas, e superior ao índice de 51,0 pontos visto em agosto. Leituras acima de 50 pontos indicam expansão ante o mês anterior.
Em relação ao coronavírus, repercutiu a notícia de que o remédio REGN-COV2, da Regeneron, reduz os níveis virais e melhora os sintomas de pacientes não hospitalizados. No mercado de commodities, os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam em alta de 5%, cotados a 809.000 iuanes, equivalente hoje a US$ 118,72.
No Brasil, o mercado acompanha os próximos passos do governo em relação ao financiamento do programa Renda Cidadã. Depois do mal estar gerado com o anúncio de que o programa usará recursos do Fundeb e de precatórios, o governo fez uma reunião de emergência na tarde de ontem e poderá rever as fontes de recursos, segundo o Valor. No entanto, outras fontes do governo disseram que a proposta original será mantida.
Além disso, está marcada para hoje a sessão do Congresso que vai analisar o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha salarial. No entanto, de acordo com o Estadão, o governo deve agir para esvaziar a reunião e adiar a análise da proposta, na tentativa de evitar mais uma derrota.
Renda Cidadã
Os passos do governo em relação à reforma tributária e ao Renda Cidadã continuam no foco do mercado. Depois de a proposta de criar o programa social Renda Cidadã ter sido mal recebida, o governo discute a possibilidade de um recuo.
Segundo o Valor Econômico, alguns integrantes do governo consideram mudar as fontes de financiamento do programa. Segundo o jornal, isso foi discutido ontem, pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia Paulo Guedes e outros ministros, em uma reunião de emergência.
A proposta do Renda Cidadã prevê o uso de recursos de precatórios. Com isso, cerca de 1 milhão de pagamentos judiciais podem ser atrasados por ano, em média, segundo a Folha de S.Paulo. Além dos recursos dos precatórios, o programa será financiado com dinheiro do fundo para educação básica (Fundeb).
Ao mesmo tempo, outras fontes afirmaram que a proposta está mantida. O senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator do Renda Cidadã, disse à CNN Brasil que o texto será apresentado hoje, sem mudanças na fonte pagadora.
Segundo o Valor, os líderes no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), também prometeram que a proposta continua de pé e estará no relatório a ser apresentado nos próximos dias.
Além disso, está marcada para hoje a sessão do Congresso que vai analisar o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha salarial. Segundo a Agência Senado, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) pretende convocar a sessão às 10 horas.
No entanto, de acordo com o Estadão, o governo deve agir para esvaziar a reunião e adiar a análise da proposta, na tentativa de evitar mais uma derrota. A estratégia dependerá de uma articulação com a Câmara dos Deputados, por onde a votação começa. O governo precisa evitar que haja 257 votos para derrubar o veto na Casa.
A desoneração pode garantir o benefício a 17 setores da economia em 2021.Se o veto for mantido, a desoneração acaba em dezembro. Ontem, líderes se reuniriam para discutir a pauta da sessão, mas a reunião foi cancelada. Por isso, a expectativa é de que dificilmente a proposta será votada hoje.
Além disso, a proposta do ministro da Economia Paulo Guedes de criar um imposto sobre pagamentos nos moldes da antiga CPMF atraiu novamente críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?”, questionou Maia, em seu perfil no Twitter.
O presidente da Câmara fez a declaração um dia após o governo desistir de enviar a segunda fase da proposta de reforma tributária. O imposto sobre pagamentos não é consenso entre líderes partidários.
Crédito
A Câmara dos Deputados aprovou ontem a Medida Provisória que libera crédito de R$ 20 bilhões ao fundo do BNDES para concessão de crédito a micro e pequenas empresas. Segundo a Agência Brasil, a matéria segue para o Senado e precisa ser votada até amanhã (1º) para não perder a validade. O texto foi aprovado da forma como foi editado pelo governo em junho, sem alterações.
Serão beneficiadas empresas com receita bruta entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões em 2019. De acordo com a Folha, o aporte será direcionado ao Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), administrado pelo BNDES e que faz parte do Programa Emergencial de Acesso a Crédito criado pelo Ministério da Economia em junho. O programa foi instituído por meio da MP que permitiu a liberação de crédito por meio das maquininhas de até R$ 50 mil com juro de até 6% ao ano.
No Brasil, outro destaque é a notícia de que o ministro Celso de Mello decidiu retirar do plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) o recurso que discute se o presidente Jair Bolsonaro pode, ou não, prestar depoimento por escrito no inquérito que apura suposta tentativa de interferência política na Polícia Federal, segundo o G1.
Com a decisão do relator, o tema volta para o plenário convencional do Supremo – a data do julgamento ainda não foi definida. Em razão da pandemia, os ministros têm se reunido por videoconferência, mas podem ler os votos, debater e argumentar durante a sessão. O caso havia sido remetido para o colegiado virtual na semana passada pelo ministro Marco Aurélio Mello, que substituiu o decano durante licença médica encerrada na última quinta-feira, 24.
Além disso, o mercado deve acompanhar a fala do presidente Jair Bolsonaro, que deve discursar hoje na Cúpula da Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de um vídeo, segundo a CNN. Em um discurso considerado tranquilo por interlocutores do presidente, Bolsonaro deverá defender a Amazônia.
Ontem, no primeiro debate presidencial da eleição de 2020 nos Estados Unidos, o candidato democrata Joe Biden ameaçou o Brasil com “consequências econômicas significativas se não cuidar da Amazônia”. Biden disse que conseguiria que várias nações dessem ao Brasil US$ 20 bilhões para acabar com o desmatamento na Amazônia e, se o Brasil fracassar, então haveria “consequências econômicas significativas”, de acordo com o Valor Econômico.
Radar corporativo
No front corporativo, o mercado acompanha hoje o julgamento da ação sobre a venda de refinarias da Petrobras sem licitação ou aval do Congresso Nacional.
Além da Petrobras, o setor de saneamento terá uma quarta-feira movimentada. Nesta mesma data, o Congresso pode fazer reunião para analisar os vetos do presidente da República, Jair Bolsonaro. Dentre eles, os polêmicos vetos do novo Marco Legal do Saneamento Básico (VET 30/2020 – Parcial), para modernização do setor.
Vale ressaltar ainda que sete consórcios e empresas interessados na concessão de água e esgoto da região metropolitana de Maceió entregaram propostas visando levar saneamento básico a 13 cidades de Alagoas, que reúnem 1,5 milhão de habitantes. O leilão será realizado também na quarta, na B3, em São Paulo, a partir das 10h, sendo o primeiro após a implementação da nova lei do setor e também saindo na frente por ser o primeiro projeto estadual de água e esgoto estruturado pelo BNDES que sairá do papel. Veja mais clicando aqui.
A Raia Drogasil previu a abertura de 240 lojas por ano entre 2021 e 2022, enquanto o IRB recebeu o rating de crédito “brAAA” da Standard & Poor’s, com perspectiva estável.
Além disso, a Lojas Americanas elevou sua emissão de bons para US$ 500 milhões, enquanto a Camil anunciou que vai captar R$ 350 milhões por meio de debêntures. Já a Locaweb anunciou a compra da Etus Social Network Brasil, que atua com redes sociais, por R$ 18,95 milhões.
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