Kashkari diz que novo plano do Fed pode repetir erros anteriores

Kashkari diz que novo plano do Fed pode repetir erros anteriores

setembro 19, 2020 Off Por Today Newsroom

(Shutterstock)

(Bloomberg) — A nova orientação do Federal Reserve sobre quando poderá elevar as taxas de juros deixa a porta aberta novamente para um aperto prematuro da política monetária e deveria ser substituída por um compromisso mais forte do BC americano de cumprir seus mandatos, disse o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari.

“Não aumentar as taxas por cerca de um ano após o núcleo da inflação superar 2% é consistente com a estratégia de almejar uma modesta ultrapassagem a fim de atingir uma inflação média de 2%”, disse Kashkari em um artigo postado no Medium.com na sexta-feira. A alta de juros só aconteceria “quando tivéssemos demonstrado estarmos no nível máximo de emprego, porque o núcleo da inflação teria de realmente atingir ou superar 2% de forma sustentada” para permitir o aperto monetário.

Kashkari, considerado o membro dovish do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed (Fomc) que mais fala sem rodeios, discordou da decisão de quarta-feira, na qual o BC americano emitiu a orientação de que a taxa de referência permaneceria perto de zero “até que as condições do mercado de trabalho atinjam níveis consistentes com as avaliações do comitê de emprego máximo” e de que a inflação subiu para 2% e está a caminho de ultrapassar moderadamente esse percentual por algum tempo.

Os membros do Fomc reduziram a taxa de juros de referência para perto de zero em março, no início da pandemia. Na quarta-feira, divulgaram projeções mostrando que a maioria deles espera manter o juro nesse nível pelo menos até o final de 2023.

O presidente do Fed de Minneapolis disse que a nova orientação arrisca-se a uma repetição do que ele considera erros que o Fomc cometeu de 2015 a 2018, quando elevou as taxas de juros antes de atingir suas metas de emprego e inflação. Em 2019, o comitê reverteu parcialmente o seu curso, autorizando três cortes nas taxas em resposta a uma desaceleração econômica global que foi exacerbada por tensões comerciais.

“Este novo forward guidance provavelmente teria adiado a alta de juros de dezembro de 2015 para janeiro de 2017, um pouco mais de um ano depois”, disse Kashkari.

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