13 livros que você deveria ler, segundo gestor da Trafalgar
setembro 15, 2020Roberto Chagas, da Trafalgar, é quem aumenta a biblioteca Stock Pickers hoje
Sempre fui muito curioso e faminto por conhecimento, e, como consequência, apaixonado por leitura. Eu sublinho e faço anotações em cada uma das páginas lidas e me recuso a emprestar meus preciosos livros.
Adoro biografias, títulos sobre ciência, guerras e história, mas meus preferidos são aqueles sobre o mercado financeiro e processos decisórios. Comecei essa jornada com o clássico do Warren Buffett, em 1995, “The Warren Buffett Way”, e guardo até ho je com carinho a edição autografada pelo próprio oráculo de Omaha.
Ainda sobre mercado, foram muito impactantes para mim e estão em um lugar de honra na minha estante os títulos: “The Most Important Thing”, de Howard Marks; “Poor Charlie’s Almanac”, do brilhante sócio do Buffett, Charlie Munger.
Fora do mercado, “Tale of Two Cities”, de Charles Dickens, sobre a Revolução Francesa; “Band of Brothers” de Stephen Ambrose, sobre o primeiro regimento de paraquedistas na Segunda Guerra Mundial; “Guns of August”, de Barbara Tuchman, que relata os primeiros 30 dias da Primeira Guerra Mundial; a biografia do Issac Newton, por James Gleick, e, para finalizar, “The Fabric of Cosmos”, do Brian Greene.
Por fim, não posso esquecer do meu primeiro grande livro, “Os Meninos da Rua Paulo”, de Ferenc Molnar, o qual eu li mais de dez vezes durante o colégio.
Como aqui o objetivo é fazer resenha de dois livros, um de mercado e outro não, compartilho opções que são sensacionais e muito importantes na minha opinião.
Superprevisões
Uma citação: “For superforecasters, beliefs are hypotheses to be tested, not treasures to be guarded” ou, na tradução livre, “Para os superprevisores, crenças são hipóteses a serem testadas, nunca verdades a serem defendidas”.
Escrito em 2016 por Phillip Tetlock, professor da Universidade de Pennsilvania, “Superprevisões: A arte e a ciência de antecipar o futuro”, de Phillip Tetlock é uma aula de processo decisório que vale para qualquer coisa na vida. Ele é um passo-a-passo de como nosso cérebro funciona e como podemos nos tornar pessoas melhores na hora de decidir algo. Na minha visão, esse não é um livro de mercado e acho que deveria ser tema acadêmico uma vez que até decisões como a escolha da universidade, deveriam passar por um complexo processo decisório.
A base do livro é um estudo sobre uma competição na qual pessoas de diferentes ramos, como um matemático, um advogado e um enfermeiro, são desafiadas a fazer previsões sobre temas diversos. Elas precisam opinar sobre temas como o número de imigrantes para Europa nos próximos três meses, número de furacões no golfo do México no ano e quantos países vão reportar novos casos de Ebola nos próximos 8 meses.
Roberto Chagas, da Trafalgar
Depois de 5 anos de competição, eles vão atrás das pessoas que ao longo do tempo foram as mais assertivas e consistentes e estudaram o processo decisório de cada uma delas. Todas tinham em comum, no fim, algo que as tornavam capazes de serem “superforecasters”.
Só os Paranóicos Sobrevivem
Uma citação: “In Technology, whatever can be done will be done” ou, na tradução livre, “Em tecnologia, o que pode ser feito será feito”.
“Só os Paranoicos Sobrevivem” é um livro escrito em 1999 por Andrew Grove, ex-CEO da Intel, no qual relata sua gestão na empresa e principalmente o que ele chama de pontos de inflexão na estratégia (“Strategic Inflection Points”, ou SIP), também demonstrada por Michael Porter dentro de suas cinco forças, como a força da substituição.
No livro, ele descreve como a Intel foi forçada, por meio da ruptura no ambiente competitivo do mercado de chips de memória, a se reinventar e se tornar a mais poderosa fabricante de microprocessadores do mundo. Foi isso que salvou a companhia e mudou por completo o formato da indústria de computadores no mundo.
Esse livro é uma aula de como se portar no meio da tempestade disruptiva que temos vivenciado nos últimos anos e o tipo de cultura que é preciso construir na empresa para se manter sólida no longo prazo, pois qualquer atraso na direção correta pode ser a diferença entre o sucesso e a falência.
Pessoalmente, me identifico muito com esse livro pois o processo de investimento na Trafalgar é baseado na investigação e análise das vantagens competitivas das empresas, buscando oportunidades seculares que estão inseridas e apoiadas normalmente por rupturas tecnológicas. Além disso, a cultura de ser paranôico e ter sempre cenários alternativos para tudo que fazemos também é uma lição tirada do livro escrito por Grove, já que todas as empresas deveriam se comportar desta maneira neste mundo de incertezas e mudanças.
Para terminar, ao fim de cada ano eu sempre presenteio meus colegas da Trafalgar Investimentos com um livro que julgo importante. Já foram “Superforecasting”, “Think Twice”, “Insanely Simple” e para 2020 eu já descobri qual será o título: “Thinking in Bets”, de Annie Duke, que também fala sobre processo decisório.
No momento, estou lendo “The Machine Stops”, ficção de 1909 e que foi sugerida pelo professor de UC Berkley, Stuart Russell, em um podcast sobre inteligência artificial. Trata-se de uma crítica sobre a dependência na tecnologia.